Mesmo porque os nossos alicerces intelectuais não serão
os nossos diplomas dos cursos estampados na parede do escritório ou da nossa
casa. Com certeza não! Os nossos alicerces são as dores que passamos, as
inseguranças que vivenciamos, as angústias que sofremos, a superação do nosso
caos...
Para o aluno, principalmente o jovem, fica difícil ter uma relação
positiva com o professor que o julga incapaz, incompetente. Alguém que
recrimina seus erros e falhas, que as expõe a vexames públicos, que o ameaça
com um fracasso, que se queixa com outras turmas e com a coordenação sobre o
baixo rendimento de determinada turma.
Por outro lado, também não é fácil para o professor ter uma atitude
positiva com relação a um aluno que não sabe nada e que, além disso, não se
esforça para aprender e assume o papel de mau aluno. Não há condições para se
construir uma relação positiva baseada na estima mútua e na afeição recíproca.
E todos os discursos modernos proclamam que essa é uma condição para o sucesso
da ação educativa.
Nos últimos 20 anos[1], o
número de alunos matriculados no sistema de ensino superior brasileiro aumentou
mais três vezes. Mas o senso comum de que cursar uma faculdade habilita o
individuo para uma vida melhor perdeu força. A maior parte das instituições
particulares, majoritariamente responsáveis pela oferta de vagas, contribui de
forma insignificante para a produção de conhecimento. Elas ajudam a colorir as
estatísticas, mas não formam seus alunos.
É fato que com a massificação do ensino o direito ao acesso aumentou
consideravelmente e, com isso, perdeu-se na qualidade do ensino. Mas, também
não podemos culpar os nossos professores e nem os nossos pais pelos nossos
insucessos ou fracassos, isso é da nossa inteira responsabilidade. O
aprendizado consiste numa busca constante de querer aprender... conhecer,
saber. Creio que o que faz o nosso crescente interesse pelo aprendizado nem
sempre é o professor, mas sim nós mesmos, por um fator interior que nos
impulsiona nessa busca permanente, ou seja, quem somos? É inseparável de onde
estamos, de onde viemos, para onde vamos? Como diz Morin, “Conhecer o humano
não é separá-lo do universo, mas aí situá-lo”.
Concordo com Peter Drucker quando disse que a melhor maneira de prever o
futuro é criá-lo. O profissional do futuro (e o futuro já começou) terá como
principal tarefa aprender. Sim, pois para executar tarefas repetitivas já
existem os computadores e os robôs. Ao homem compete
ser criativo, imaginativo, inovador.
Lucrecia Ferrara, que faz parte do programa de pós-graduação em
comunicação e semiótica da PUC-SP, diz que: “Na realidade, não é a universidade
que está em crise, mas o ensino básico e fundamental. A dificuldade de
rendimento do aluno universitário decorre de uma formação anterior que está
muito longe de atender às mínimas condições de construção daqueles pilares”.
É evidente que existe uma falha e, essa falha não será corrigida no
ensino superior, mesmo porque, acredito que esta não seja a sua função. Enfim,
quero dizer que não podemos aceitar a condição de “burros diplomados”, como
dizia minha professora marcante “negativa” do ensino fundamental.
A vida é um contínuo e complexo processo de aprender e desaprender, como
também um acúmulo de oportunidades perdidas com as quais decidimos não querer
aprender e tampouco desaprender.
Quanto às dores para apreender...
São como as nossas paixões...
Inevitáveis.
A vida tem sempre seus problemas e está constantemente lançando mais
problemas. E nós somos condicionados a resolver problemas e o nosso cérebro
está condicionado a problemas desde criança.
Entretanto, é preciso desprender-se dos problemas e ser criativo, e
criatividade significa amar tudo o que você faz - rejubilar-se com isso,
festejá-lo! Talvez ninguém venha a conhecê-lo - quem o elogiará por limpar o
chão? A história não terá nenhum
registro disso; a mídia não divulgará o seu nome e sua foto, mas o que você faz
é importante. Você se rejubilou com isso. O valor é intrínseco.
Ame o que você faz. Seja
meditativo quando estiver fazendo - qualquer coisa que seja, independentemente
do que seja. Então, você saberá que até uma tarefa de limpeza pode
tornar-se criativa.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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2006.
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pressupostos para as estratégias de trabalho em aula. Joinville, Santa
Catarina: Univille, 2003.
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Paz e Terra, 1996.
______. Professora
sim: tia não. 19. ed. São Paulo: Olho d’Água, 2008.
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aprendendo: novos paradigmas na educação. 18. ed. São Paulo: Integrare,
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MORIN, Edgar. A
cabeça bem feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. 12. ed. Rio de
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______. O método 5:
a humanidade da humanidade. 4. ed. Porto Alegre: Sulina, 2007.
POLITY, Elizabeth. Dificuldade
de Ensinagem: que história é essa? 1. ed. São Paulo: Vetor, 2002.
[1] BREGANTINI, Daysi. O conflito nas universidades. In: Revista CULT, São Paulo, nº 138,
ago. de 2009.