Por que falar de ócio?
[...] Diante do mundo de evasão, distração espetáculo que nos rodeia, o ser humano se torna cada vez mais limitado, cada vez mais dependente das máquinas, menos ator e mais espectador de uma realidade irreal. Falar de ócio se transforma neste contexto, num questionamento de cada um consigo mesmo, de como ser um pouco mais livre para fazer o que se quer. (...) a vivência de ócio é uma experiência que nos ajuda a nos realizar, nos conhecer, nos identificar, nos sentir melhores, sair da rotina, fantasiar e recuperar o equilíbrio das frustrações e desenganos.
(Cuenca, 2003, p. 32).
quinta-feira, 26 de julho de 2012
terça-feira, 17 de julho de 2012
Qual a diferença entre obsessão pelo trabalho e totalidade no trabalho?
A diferença é enorme. O viciado no trabalho não é pleno em seu trabalho. Ele é obcecado
pelo trabalho; ele não consegue sentar-se silenciosamente, tem de fazer algo,
seja necessário ou não, e essa não é a questão.
No Japão, estão colocando mais e mais robôs para
trabalhar nas fábricas, porque o robô pode trabalhar vinte e quatro horas por
dia, sem greves, sem problemas com os sindicatos, sem pedir aumento de salário
constantemente, sem férias.
Mas os trabalhadores são absolutamente contra isso, e o governo está pedindo a eles que
tirem um dia de folga em sete.
No Japão, até aos domingos as pessoas
trabalham — não existem feriados. E as pessoas estão se opondo ao governo,
existe muito tumulto. Elas não estão prontas para ter um dia de folga
por semana.
Serão pagas por isso, qual é o problema?
Elas estão viciadas. Dizem: "O que vamos fazer em casa? Não, nós não
queremos esse tipo de problema. Em casa haverá brigas com a esposa, com as
crianças, e nós estamos viciados em trabalho. Abriremos o capô dos carros,
embora tudo esteja funcionando, e destruiremos o carro tentando melhorar o
motor. Abriremos o aparelho de televisão e o destruiremos. Já fizemos isso!
Algumas vezes, quando tivemos um feriado nacional, nós o fizemos — destruímos
os velhos relógios de nossos avós, que estavam funcionando perfeitamente bem,
mas alguma coisa tinha de ser feita!"
Esses são os workaholics, os viciados em
trabalho, exatamente como as pessoas viciadas em drogas. O trabalho é sua
droga. Ele os mantém ocupados. Ele mantém as pessoas afastadas de suas
preocupações, afastadas de suas tensões, exatamente como qualquer droga; ele
sufoca suas preocupações, tensões, ansiedades, sofrimentos, cristianismo, Deus,
pecado, inferno — tudo é sufocado. Uma pessoa infeliz
subitamente começa a rir, a se divertir.
Apenas vá a um bar e veja. Um bar é um lugar muito mais alegre que uma igreja. Todos riem, se
divertem, brigam, socam o nariz do outro, e quando voltam para casa já é tarde
da noite, estão cambaleantes, caindo na rua.
Um homem chegou em casa tremendo muito, tão
bêbado que não conseguia abrir o cadeado, porque a chave e o cadeado... A chave
estava em uma mão, o cadeado em outra, e não havia o encontro, nenhum diálogo!
Finalmente, o policial da rua viu o pobre
coitado, aproximou-se e perguntou: "Posso ajudá-lo?"
O bêbado disse: "Sim, apenas mantenha a
casa firme. Parece que está havendo um grande terremoto!"
Eles se esqueceram de tudo... do mundo, de
seus problemas e da terceira guerra. Mas você pode usar tudo como uma droga,
apenas se torne viciado.
Algumas pessoas mascam chicletes. Tire os
chicletes delas e veja como se tornam infelizes! Imediatamente começam a
pensar: "A vida é inútil. Não há sentido na vida. Onde está o meu
chiclete?" O chiclete as mantém envolvidas, da mesma forma que
os cigarros.
E também é por isso que as pessoas
bisbilhotam a vida dos outros. Isso as mantém envolvidas. Ninguém se preocupa
se é verdadeiro ou falso; essa não é a questão. A questão é: como se manter
envolvido e afastado de si mesmo?
Portanto, os viciados em trabalho são contra
a meditação. Todo vício evita que você se torne um
meditador. Todos os vícios têm de ser abandonados.
Mas ser total no trabalho é uma coisa
completamente diferente. Ser total no trabalho não é um vício, é um tipo de meditação. Quando você está totalmente em seu
trabalho, nele há a possibilidade de perfeição, o trabalho perfeito lhe trará
alegria.
Se você pode ser perfeito e total no
trabalho, pode ser total no não-trabalho — apenas sentando-se silenciosamente,
em silêncio total. Você sabe como ser total. Você pode fechar os olhos e pode
estar totalmente dentro. Você conhece o segredo de ser total.
Portanto, ser total no trabalho é útil na meditação.
O viciado em trabalho não pode meditar; não
pode sentar-se silenciosamente, nem mesmo por alguns minutos. Ele se
inquietará, mudará de posição, fará uma coisa ou outra, olhará dentro desta ou
daquela bolsa, mesmo sabendo que não há nada nelas. Ele tirará os óculos,
limpará, colocará de lado, mesmo sabendo que estão limpos.
Mas o homem que é total em seu trabalho não
é viciado. Ele pode ser total — e será total em qualquer coisa. Ele será
total enquanto dorme, será total enquanto caminha. Ele será apenas um
caminhante, nada mais — nenhum outro pensamento, nenhum outro sonho, nenhuma
outra imaginação. Ao dormir, ele simplesmente dormirá; ao comer, simplesmente
comerá.
Você não faz isso. Você come e sua mente
está fazendo centenas de viagens...
Eu tenho visto — em cada cama não há apenas
duas pessoas, mas uma grande multidão. O marido está
fazendo amor com sua esposa, mas pensa em Sophia Loren; a mulher não está
fazendo amor com o marido, está fazendo amor com Mohammed Ali. Em cada cama
você encontrará uma multidão! Ninguém é total em cada ato, nem mesmo no amor.
Portanto, seja total em tudo o que você faz
ou não faz. Seja total, e toda a sua vida vai se tornar uma meditação.
Osho
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