Por que falar de ócio?
[...] Diante do mundo de evasão, distração espetáculo que nos rodeia, o ser humano se torna cada vez mais limitado, cada vez mais dependente das máquinas, menos ator e mais espectador de uma realidade irreal. Falar de ócio se transforma neste contexto, num questionamento de cada um consigo mesmo, de como ser um pouco mais livre para fazer o que se quer. (...) a vivência de ócio é uma experiência que nos ajuda a nos realizar, nos conhecer, nos identificar, nos sentir melhores, sair da rotina, fantasiar e recuperar o equilíbrio das frustrações e desenganos.

(Cuenca, 2003, p. 32).

domingo, 6 de maio de 2012

Ame o que você faz - parte 2


O fato é que, desde a mais tenra idade nos ensinam a dividir os problemas, a fragmentar o mundo, ou seja, pegar atalhos para facilitar tarefas e as coisas complexas. Entretanto, o preço que pagamos por isso é enorme, pois deixamos de ver os resultados de nossos atos e perdemos a noção de integração com o todo. De modo que quando queremos “enxergar o elefante inteiro”, tentamos remontar os fragmentos em nossa mente, selecionando e organizando todas as peças. Todavia, esse trabalho é inútil – o que conseguimos é uma imagem invertida e distorcida, frustrados desistimos de ver o conjunto global.
Um dos problemas com a nossa escola é que frequentemente você se transforma naquilo que você estuda. Se você estuda, por exemplo, culinária, você se torna um chef. Se você estuda direito, você se torna um advogado, e se você estuda mecânica de automóveis, você se torna um mecânico.
Aprendemos a analisar, a separar, mas não aprendemos a relacionar, a fazer com que as coisas comuniquem. Morin (2006) diz o seguinte:

O importante não é apenas a idéia de inter ou de transdisciplinaridade. Mas, que devemos “ecologizar” as disciplinas, isto é, levar em conta tudo que lhes é contextual, inclusive as condições culturais e sociais, ou seja, ver em que meio elas nascem, levantam problemas, ficam esclerosadas e transformam-se.

A verdade é que o sistema educacional tradicional tem sido um modelador básico de especialistas. E o que é um especialista? Especialista é uma pessoa resolvida, pronta, que acha que sabe tudo de quase nada, dotado de prepotência, que aprendeu por meios de coerção e que se orgulha de sua unilateralidade de visão e de ação e que perdeu a visão de totalidade. Porque a especialização não passa de uma viseira que impede a pessoa da visão de totalidade. Como retratou Charles Chaplin no filme: “Tempos Modernos”, que é, até hoje, uma crítica muito bem direcionada a nossa sociedade, em que o sujeito (operário) passa horas na fábrica apertando parafusos e de tanto repetir essa atividade, ele tem problemas de estresse e, estafado, perde a razão de tal forma que pensa que deve apertar tudo o que se parece com parafusos, como os botões da blusa de uma moça que passa pela rua, por exemplo. Assim, não sabe o porquê e para que, ou para quem aperta os parafusos.

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