O fato é que, desde a mais tenra idade nos ensinam a dividir os
problemas, a fragmentar o mundo, ou seja, pegar atalhos para facilitar tarefas
e as coisas complexas. Entretanto, o preço que pagamos por isso é enorme, pois
deixamos de ver os resultados de nossos atos e perdemos a noção de integração
com o todo. De modo que quando queremos “enxergar o elefante inteiro”, tentamos
remontar os fragmentos em nossa mente, selecionando e organizando todas as
peças. Todavia, esse trabalho é inútil – o que conseguimos é uma imagem invertida
e distorcida, frustrados desistimos de ver o conjunto global.
Um dos problemas com a nossa escola é que
frequentemente você se transforma naquilo que você estuda. Se você estuda, por
exemplo, culinária, você se torna um chef.
Se você estuda direito, você se torna um advogado, e se você estuda mecânica de
automóveis, você se torna um mecânico.
Aprendemos a analisar, a separar, mas não aprendemos a relacionar, a
fazer com que as coisas comuniquem. Morin (2006) diz o seguinte:
O importante não é
apenas a idéia de inter ou de transdisciplinaridade. Mas, que devemos
“ecologizar” as disciplinas, isto é, levar em conta tudo que lhes é contextual,
inclusive as condições culturais e sociais, ou seja, ver em que meio elas
nascem, levantam problemas, ficam esclerosadas e transformam-se.
A verdade é que o sistema educacional tradicional tem sido um modelador
básico de especialistas. E o que é um especialista? Especialista é uma pessoa
resolvida, pronta, que acha que sabe tudo de quase nada, dotado de prepotência,
que aprendeu por meios de coerção e que se orgulha de sua unilateralidade de
visão e de ação e que perdeu a visão de totalidade. Porque a especialização não
passa de uma viseira que impede a pessoa da visão de totalidade. Como retratou
Charles Chaplin no filme: “Tempos Modernos”, que é, até hoje, uma crítica muito
bem direcionada a nossa sociedade, em que o sujeito (operário) passa horas na
fábrica apertando parafusos e de tanto
repetir essa atividade, ele tem problemas de estresse e, estafado, perde a
razão de tal forma que pensa que deve apertar tudo o que se parece com
parafusos, como os botões da blusa de uma moça que passa pela rua, por exemplo.
Assim, não sabe o porquê e para que, ou para quem aperta os parafusos.
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