Por que falar de ócio?
[...] Diante do mundo de evasão, distração espetáculo que nos rodeia, o ser humano se torna cada vez mais limitado, cada vez mais dependente das máquinas, menos ator e mais espectador de uma realidade irreal. Falar de ócio se transforma neste contexto, num questionamento de cada um consigo mesmo, de como ser um pouco mais livre para fazer o que se quer. (...) a vivência de ócio é uma experiência que nos ajuda a nos realizar, nos conhecer, nos identificar, nos sentir melhores, sair da rotina, fantasiar e recuperar o equilíbrio das frustrações e desenganos.
(Cuenca, 2003, p. 32).
quinta-feira, 23 de agosto de 2012
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Sociedade em rede
Somos uma
sociedade em rede. Estamos conectados a todos o tempo todo. É
tempo de compartilhar, participar. Mas, nos sentimos inseguros conectados full time por essa rua ainda sem nome e
não existem receitas ou formulas. Estamos fazendo história e teremos que dar
nomes para essas travessias complexas, sem saber muito bem onde essa locomotiva
digital vai nos levar...
A todo o momento brota
no mercado novas tecnologias revolucionárias, sites e sistemas que fazem tudo
mudar radical e repentinamente, nos
sentimos perdidos e imersos num oceano de dados e novos conhecimentos, de novos
aparelhos e novidades tecnológicas que nunca estiveram tão disponíveis.
Ficamos extasiados em meio a tantas possibilidades, mas profundamente ansiosos por pensar que temos de absorver essa
montanha de informações, reaprender a fazer velhas coisas de novos jeitos,
entender conceitos recém nascidos todos os dias e tudo isso sem saber direito o
que fazer com tanta coisa. Como por
exemplo, a Web 2.0 considerada por
especialistas como o maior palco de participação e compartilhamento já visto na
história da humanidade. Será? Eu não tenho dúvidas.
Dá medo? Sim, mas
o medo é o sal da vida, como alguém já
disse.
Existem momentos
em que nos sentimos como uma criança que entra pela primeira vez num parque de
diversão e quer brincar com todos os novos brinquedos disponíveis do
“mundo.com” ao mesmo tempo.
O fato é que o mundo
avança nessa direção: A fotografia renasce com os celulares, o jornal ganha
novo papel com a internet, o rádio floresce também na web e a internet faz com
que surjam novos fotógrafos com novos olhares e novos escritores que ousam
publicar seus textos em sites e blogs, com novos temas e novos leitores.
Assim, com o
impacto das novas tecnologias o consumo e a sociedade estão trilhando outros
caminhos. O mundo corporativo foi invadido por mais uma onda de bárbaros. Tanto
faz se a sua empresa tem 2 ou 200 mil funcionários, de seu ramo de negócio, a
voz da rua, da imprensa de seus colaboradores diz que sua empresa deve estar na
web
social e colaborativa.
Hoje investir nas
redes sociais é investir no consumidor, que agora tem um papel diferenciado.
Antes, o consumidor pedia a opinião para dois ou três amigos sobre determinado
produto ou sobre determinada empresa. Agora, as redes sociais, são milhares de
conselheiros que ele tem a disposição para ajudá-lo na hora da decisão de
compra. Na era digital, as pessoas compram qualquer aparelho conectado à
internet e se tornam produtor. Portanto, saem os consumidores para entrar as
pessoas engajadas.
Logo, o mundo já
não é como costumava ser. A maneira de se relacionar, de trabalhar, comprar,
vender, comunicar, informar-se, estudar, fazer amigos, e até revoluções mudou,
e muda a cada dia, em um ritmo frenético. A nova ordem está totalmente ligada
ao coletivo, às redes de pessoas, ao compartilhamento e, principalmente, a
colaboração. Quem está fora desse movimento está perdendo o bonde da história.
Neste sentido, o trabalho
na forma como era conhecido deixou de ser considerado o principal sentido da
vida das pessoas, como queria a mentalidade do puritanismo burguês. Pode até
ser que não esteja acontecendo a civilização do ócio vislumbrada na década de
1960, mas sim a sociedade da inatividade. Em relação ao que nos ocupa, quase dá
no mesmo: nem o ocioso, o desempregado ou o aposentado podem pensar que todo
sentido da sua vida está no trabalho. Isso só serviria para amargar a
existência.
Todavia, seria
esse futuro sem empregos um futuro negro?
E se começássemos
a criar nossos próprios empregos, a viver nossos sonhos, a empreender? O
momento econômico pede o empreendedorismo, o mundo pede a inovação. Sai a
classe média de carteira assinada, entram os revolucionários empreendedores.
Entretanto, ainda insistimos em continuar enjaulados nos escritórios e não inovamos, não
deixamos fluir a nossa criatividade, oprimidos e sem espaço para a imaginação.
Neste sentido, o
papel da educação é fundamental, porém, não pode mais ser pautada pela
repetição, não somos macacos amestrados.
Você já pensou em
tirar uma hora do seu dia para pensar em novas estratégias, para viver e
trabalhar em um mundo que muda em velocidade supersônica? Mude seu
comportamento: permita-se chorar durante um filme, emocione-se com a beleza de
uma flor, sorria nos engarrafamentos. É difícil, mas você consegue.
Experimente
desconectar-se para pensar em sua carreira neste fantástico momento de mudança
global e para refletir sobre os valores como o do conhecimento desinteressado e
o da contemplação, ao estilo dos gregos, e o valor da relação cordial,
amigável, relaxada (e não competitiva) com os demais, o valor do prazer
estético, o valor da participação social voluntária, do esforço automotivado, o
valor de poder demorar em fazer as coisas bem-feitas, o valor da dedicação aos
cuidados com os demais.
O mundo precisa
de pessoas éticas, que saibam equilibrar o lucro com os valores sociais. E que
saibam equilibrar a vida real e a vida digital. Compartilhe, participe.
Referencias:
GIARDELLI,
Gil. Você é o que você compartilha. São Paulo: Editora Gente, 2012.PUIG, Josep M.; TRILLA, Jaume. A pedagogia do ócio. Porto Alegre: Artmed, 2004.
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