Nesse sentido ninguém pode aprender sob pressão. As
pessoas aprendem quando estão abertas ao inesperado, quando procuram dentro de
si mesmas, quando lhes é permitido sonhar, quando são levadas por uma espécie
de sede interior. As pessoas realmente aprendem quando estão ocupadas com
alguma coisa: amando, trabalhando, amando seu trabalho, trabalhando na área que
gostam.
A
educação moderna exagerou na importância da técnica, desenvolvendo capacidades
e eficiências, sem a compreensão da vida, sem uma percepção total dos
movimentos da mente e do desejo, tornando-nos cada vez mais cruéis, e isso
significa fomentar guerras e por em perigo nossa segurança física.
Vivemos
numa época que podemos nomear de “sociedade do conhecimento”, devido ao fato
que ocorre atualmente, isto é, ao acúmulo de conhecimentos humanos, e o ritmo
desta acumulação ganhou nova velocidade, uma vez que os avanços nas diversas
áreas interagem e potencializam a produção ainda mais rápida de novos
conhecimentos. Fatores como a globalização e o desenvolvimento nas tecnologias
de informação e comunicação estão na base da nova ordem social, econômica,
cultural e política. O fato é que também estamos
transbordando de informações, entretanto, sem tempo hábil para elaborar o
conhecimento que já adquirimos e, pior, sem saber o que fazer com tanta
informação.
Neste
contexto, não tem mais espaço para o professor que pensa ensinar como
transmissão de conhecimento e que não cria possibilidades para sua própria
produção ou a sua construção. Hoje, o
professor necessita ampliar a sua visão sobre “o aprender a apreender como um processo de
ensino/aprendizagem,[1] como
também quanto a dificuldade de ensinagem [2]”,
aprimorando seu autoconhecimento e a sua compreensão nas relações com os
alunos, não devendo encará-los como máquinas, passiveis de “endireitar” num
instante, mas como seres vivos, impressionáveis, volúveis, sensíveis, medrosos,
afetivos; e no trato com eles necessitamos de muita compreensão, da força da
paciência e do amor. Mesmo porque, o aprendizado só é difícil quando está
relacionado a ensinar e estudar, do contrário, as pessoas parecem aprender sem
muito esforço. Cabe aos atuais, futuros professores mudar esse paradigma.
Meu pai costumava dizer: “Na vida, nada é perdido, tudo é aproveitado”. Complemento
ainda, que mesmo aquilo que no primeiro momento não nos parece fazer sentido, é
simplesmente porque ainda não conseguimos perceber, e isso, somente com o tempo
e a maturidade poderá ser revelado ou avaliado.
O ponto chave para a satisfação é algo que quase sempre nos escapa. De
maneira que não se trata de conseguir o que queremos, mas sim querer aquilo que
conseguimos. Assim, antes de ser mestre, precisamos ser aprendizes. Esticar o
pescoço para enxergar mais, sem ter vergonha de perguntar. Quem pensa que sabe
não aprende, não sonha novos sonhos, nem ousa novas ousadias. Sêneca dizia: “Gosto de aprender porque me capacita a
ensinar”.
Lutamos muito, anos a fio, pelo sonho de liberdade. E, todos os tipos de
liberdade. A liberdade de expressão, por exemplo, que é uma das mais belas
formas. É através da palavra que exercemos a cidadania, consolidamos a
democracia e fortalecemos nossas instituições. Entretanto, a consolidação da
democracia só será possível, como disse Rubem Alves, se o povo for educado. E
ser educado não significa ter alguns diplomas universitários. Significa ter a
capacidade de pensar.
Enfim, sempre fica o aprendizado de uma outra lição de vida que é a da
paciência, bom senso, de esperar o momento certo, perseverar. Às vezes esse
momento demora um longo tempo, isto é, cada pessoa tem a sua trajetória de
vida, o seu tempo. Quando encontramos muitas dificuldades na trajetória e
conseguimos ultrapassá-las, damos mais valor para aquele evento realizado,
conquistado. Se não, pelo menos podemos contar para aqueles que nos são
queridos, que tentamos fazer o nosso melhor e, como retorno, dormimos na paz,
com a consciência tranquila.
Assim, não podemos ter a presunção da verdade, a expectativa de se
imaginar o dono da razão, pois essa, qualquer que seja nos apequena, nos
menospreza e nos enfraquece.
Para Paulo Freire,
não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino.
Esses que - fazeres se encontram um no corpo do outro. Enquanto ensino continuo
buscando, reprocurando. Ensino porque busco, porque indaguei, porque indago e
me indago. Pesquiso para constatar, constatando, intervenho, intervindo educo e
me educo. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou
anunciar a novidade.
[1] Anastasiou e Alves (2003, p.18) enfatizam a concepções
de que o apreender sugere movimento, processo que também está presente e é
reforçado pelas respostas dos alunos quando dizem que aprendizagem é colocar em
prática.
[2] Segundo Polly (2002, p. 36), “Dificuldade de Ensinagem
é o movimento de ensinar carregado de emoção: ansiedade, por ter de cumprir uma
missão, medo e/ou frustração por não entender o aluno, fantasias de
incompetência que podem gerar muita raiva em determinadas ocasiões”.
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