Entrei em contato com Rajneesh (Bhagwan Shree Rajneesh), quando era
assinante do Circulo do Livro,
inconformado com a sociedade que vivia e revoltado com as religiões, estava
mais interessando nos livros sobre budismo e na cultura oriental de um modo
geral. Adorava ler: Hermann
Hesse, Khalil Gibran, George Orwell, Richard Bach, Lobsang Rampa, James
Hilton... Os livros e o rock and roll faziam parte
de mim, para onde eu ia levava o livro que estava lendo. Quando não estava
lendo, estava com o meu violão
aprendendo a tocar alguma música nova dos Beatles.
E foi nessa busca incessante que cheguei a um livro chamado 'Eu sou a
Porta' de Rajneesh, na época era absolutamente estranho e diferente de
qualquer outro que já tinha visto. Era um livro complexo, principalmente para aprendizes
rebeldes como eu. Rajneesh dizia: “não
há passado nem futuro. Você é eternidade. Tudo o que acontece é um
acontecimento. Não é você que está fazendo, nada está sendo realizado através
de você. Essas são noções ilusórias”.
Rajneesh, na verdade, não se
dizia um messias, salvador ou Deus, dizia apenas que tinha se iluminado e se
tornado um ser desperto.
Mas, o livro, na época não me tocou,
devia estar atônito com outro livro chamado: “Entre os Monges do Tibete” de Lobsang Rampa, escritor que alegava ter sido um Lama Tibetano...
Assim, 'Eu sou a Porta' ficou na estante, outros livros chegaram as
minhas mãos e a minha busca não cessou.
Cresci lendo os livros de poesia
e filosofia, inicialmente, os de meu pai, depois os meus, e cada livro que lia
procurava meu amigo Francesco¹ para
debater o conteúdo e, as vezes, colocava meu pai contra a parede
(literalmente), para discutir sobre o tema que estava me corroendo, criando uma
oportunidade de aprofundamento em torno do assunto... Hoje, reflito que aqueles
debates foram verdadeiros aprendizados para mim, muito mais útil que qualquer
universidade poderia me oferecer na época.
Quando meu pai veio a falecer...
fiquei com alguns de seus livros e, entre eles estava o livro: “Eu sou a porta”. Dessa maneira, o livro
de Rajneesh retornou as minhas mãos, depois de mais de 30 anos.
Ao comentar sobre o livro de Rajneesh
com meu amigo Eduardo, o mesmo me esclareceu que, na verdade, Rajneesh havia trocado seu nome em 1986 para Osho (sinônimo de “oceânico”), e que
havia muitos livros publicados extraídos de suas palestras, porém, com o nome Osho. Acho que não preciso explicar
que, com esse acontecimento adquiri alguns poucos livros que encontrei nas
livrarias, como também DVDs de suas palestras. Assim, posso afirmar que
Osho na minha vida foi e é um acontecimento.
Embora Osho nunca tenha escrito
nenhum livro, 650 títulos foram criados e têm sido publicados por transcrições
de seus discursos e palestras, atualmente para 57 idiomas, livros que até hoje
fazem muito sucesso em muitos países, inclusive no Brasil. Osho pregava a
meditação e criticava dogmas de religiões organizadas, idéias que nunca foram
contestadas, como um Sidarta Gautama (Buda) moderno no meio dos brâmanes,
contestou várias verdades estabelecidas. Quebrou vários tabus. Como Marx, dizia
que algumas religiões fizeram mais mal que bem a humanidade. Era hábil em
causar impacto, chocar as pessoas... E os fundamentalistas não podiam aceitar
um homem que dizia ser igual a Buda, Jesus, Krishna.
Osho, nunca deixou de falar o que
pensava. Criticava Gandhi por reprimir seus instintos sexuais. Considerava
mestres espirituais ou grandes gênios, pessoas como: Gurdjieff, Ramana
Maharshi, Jiddu Krishnamurti, Reich, Dostoievski, Meher Baba, D.H Lawrence,
Alan Watts, D.T Suzuki, Shunryu Suzuki, Maurice Nicoll, dentre outros.
Osho dizia que só a meditação
poderia libertar o homem, tão condicionado e escravo de seus instintos e de uma
sociedade que se não mudasse em breve, levaria a todos à autodestruição. E no
livro “Eu sou a porta” afirma:
“Deus” é o
que acontece, não o criador, “Deus” significa o que vem acontecendo
eternamente; assim, qualquer coisa que acontece é Deus. Todas as pessoas são
acontecimentos, e este eterno acontecer é Deus. Não há criador nem criação. A
própria dicotomia é egoísta; é nossa projeção no plano cósmico. Uma vez que
você sabe que não há dicotomia dentro de si, entre o agente e a ação, sabe que
dentro da própria existência não há agente nem ação, apenas acontecimentos.
Quando você tem essa revelação dos acontecimentos eternos, não existe carga,
não há tensão. Seu nascimento é um acontecimento e sua morte será um
acontecimento. Não estar aqui será um acontecimento.
De onde vem
esse ego que pensa “eu sou”, “eu estou fazendo”? Vem da memória. Sua memória
vai gravando acontecimento; você nasceu, você é criança; depois vem a juventude
e em seguida a velhice. As coisas acontecem: o amor acontece, o ódio acontece,
e a memória vai gravando. Quando você olha para o passado, toda a memória
acumulada torna-se seu “eu”.
Criou várias meditações
catárticas, meditações ativas, pois dizia que os ocidentais precisavam de uma
catarse, de liberar o conteúdo emocional e mental reprimido por séculos, assim
como Willem Reich, Alexander Lowen, Abraham Maslow e outros psicólogos de
renome atestaram em seus estudos.
Era a época dos escândalos e Osho ficou conhecido como o 'guru do sexo''. Título injusto, dado
por quem nunca leu nenhum de seus livros. Na verdade Osho chegou a dizer que não existia ninguém no mundo mais
contra o sexo irracional e por compulsão, do que ele... Mas, entendia
também que os que precisam de sexo, por não serem 'iluminado' ou encontrado no seu interior sua
parte feminina ou masculina, poderiam transformar o sexo, num ato sagrado,
sublime. Uma porta para a Iluminação, para oitavas superiores.
E esse é o sexo tântrico que o
Osho ensinava em suas palestras. Ele ensinava meditação, consciência. E podemos
meditar em qualquer momento, inclusive no ato amoroso.
Tinha carisma, uma presença
marcante... Citava quase todos os místicos e religiosos em suas palestras, como
também os filósofos com uma eloquência digna de um gênio do conhecimento
humano. Afinal de contas, foi professor de filosofia por longos anos.
Falava de Buda, Cristo, Sartre,
Nietzsche, Heráclito, Santos Católicos, Krishna, Mahavir, Kant, Gibran,
Bertrand Russel, Sufis, Moisés, dos Rabinos Hassídicos, com a mesma segurança e
profundidade.
Mestres espirituais como o Dalai
Lama, o XVI Karmapa, Deepak Chopra, Paul Reps, Nisargaddata, Robert Adams,
Dzongsar Rinpoche, Ed Muzika, o chamam de mestre, de iluminado.
No livro “Criatividade –
Liberando sua força interior”, nos propõe:
“dicas para uma nova maneira de
viver! Explica que a criatividade é a maior forma de rebeldia da existência. E
prossegue: A mentalidade coletiva não tem criatividade; seus membros levam uma
vida enfadonha, eles não conhecem realmente a dança, a melodia, a alegria: são
seres mecânicos.”
Osho diz que diferentemente do
passado, quando os criativos precisavam se isolar da sociedade, hoje quase
todas as pessoas são praticamente induzidas a lidar com seus desafios diários
com criatividade, essa força poderosa e tão necessária para nosso crescimento
interno e externo. Osho nos dá quatro chaves para a criatividade:
Volte a ser criança;
Mantenha-se disposto a aprender;
Procure a felicidade nas coisas
simples e
Seja um sonhador.
¹FRANCESCO: nome fictício, pelo motivo de ter perdido o
contato com esse amigo, assim, não me sinto a vontade para usar o nome dele.
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